Robert William Carter
9 de julho de 1990 – 10 de julho de 1990
Meu marido e eu ficamos
entusiasmados em novembro de 1989 quando descobrimos que estávamos
esperando nosso primeiro filho. Esse entusiasmo foi difícil de
manter com o inconveniente dos enjoos que eu tinha. Eu ligava para o
consultório do meu médico e eles me diziam que isso era
apenas um sintoma normal da gravidez. Depois de quatro meses
vomitando diariamente eu novamente falei com o médico e ele
disse a mesma coisa. Todos os nove meses da gravidez do Robert eu
vomitava ou tinha sensações estranhas. Olhando para
trás eu acho que no meu íntimo eu sabia que algo estava
terrivelmente errado.
Mas toda vez que
eu tentava questionar o médico ou a enfermeira, eles diziam
que eu era apenas uma jovem mãe de primeira viagem (eu tinha
22 anos).
Numa sexta-feira,
6 de julho, eu tive minha consulta semanal com o médico. Ele
me examinou e avisou que tudo parecia bem e que eu estava com 2 cm de
dilatação. Eu estava tendo várias contrações
de Braxton-Hicks. Ele me garantiu mais uma vez que tudo estava certo.
Durante estes nove meses eu não fiz nenhum ultrassom nem teste
AFP.
No domingo, dia 8
de julho, eu estava indo ao banheiro e achei que minha bolsa tinha
rompido. Meu marido e eu fomos para o hospital animados com a notícia
de que o bebê poderia estar chegando em breve. Eu estava feliz
com o fato de que talvez não fosse mais me sentir tão
enjoada. Devo acrescentar que durante os nove meses, não
cheguei a engordar 7 quilos (15 pounds) e o médico não
parecia estar preocupado. Chegando à maternidade, as
enfermeiras me examinaram e acharam que minha bolsa não tinha
rompido. Disseram que eu deveria fazer alguns exames de raio-x para
ver se meus ossos da bacia eram largos o suficiente para ter um parto
normal. Claro que havia uma razão para isso. A enfermeira
sentiu alguma coisa durante o exame que ela achou que não
parecia ser bom.
Então
às 8h15 da noite do dia 8 foi quando o mundo inteiro caiu. Meu
médico estava viajando e um médico muito velho e
irritado estava ao telefone. Esse médico entrou no quarto e
falou de forma curta e grossa: “Seu bebê vai morrer!”
As enfermeiras ficaram horrorizadas e tentaram me explicar que Robert
tinha anencefalia. Elas tentaram continuar a explicar o que aquilo
significava. Claro que para uma jovem mãe de 22 anos, que
tinha acabado de ver seu mundo vir abaixo, isso não nada era
reconfortante. Eu não conseguia entender o que havia dado
errado. Eu tinha tentado me cuidar e fazer tudo certo. Meu marido
também estava em péssimo estado.
Nossos familiares
haviam decidido ficar junto conosco no hospital aquela noite. Isso
foi antes de nós recebermos a notícia devastadora. Como
eu não estava em trabalho de parto, nós decidimos
esperar até o dia seguinte para ter Robert William.
Meu médico
já estaria de volta. Aquela noite eu não consegui
dormir. Eu sentia Robert chutando e se mexendo e ficava imaginando se
ele estava sentindo dor. Não importava o que qualquer pessoa
dissesse, eu não conseguia compreender bem a situação.
Eu chorava até passar mal e então começava tudo
de novo.
No dia 9 de
julho, o médico foi ao hospital e após ser avisado
pelas enfermeiras, ele entrou no meu quarto. Nunca vou esquecer suas
palavras. “Nós não fizemos um ultrassom?”
Agora de que isso adiantaria?
Meu marido e eu
decidimos que em vez de enfrentar horas de trabalho de parto e não
conseguir fazê-lo nascer naturalmente, faríamos uma
cesárea. Então no dia 9 de julho de 1990 às 3h38
da tarde Robert William veio ao mundo.
Nós
tínhamos decidido tentar doar seus órgãos. Assim
que ele foi colocado na incubadora com um monte de fios e tubos para
mantê-lo vivo, tudo que eu conseguia fazer era chorar
histericamente. Eu não conseguia entender. Aquilo não
era justo! Nós não podíamos imaginar que iríamos
viver essa história horrível. Devido à anestesia
eu tinha que deitar de costas e tudo que eu podia fazer inicialmente
era me inclinar levemente e olhar para meu maravilhoso e corajoso
bebê. Robert lutou junto com os aparelhos e a uma da manhã
do dia 10 de julho, concluíram que nenhum de seus órgãos
poderia ser doado. Ele não conseguiria lutar mais por muito
tempo. Robert foi retirado dos aparelhos, limpo e colocado no colo
dos meus pais: vovó Marg e vovô Donny o embalaram até
que ele fosse para o céu.
Você provavelmente está
imaginando onde estavam seus pais? Bem, é por esse motivo que
eu me sinto compelida a escrever isso. Durante as longas horas que
Robert William lutou por sua vida, para que seus órgãos
pudessem ser doados, meu marido e eu tivemos que ser sedados. Nenhum
de nós pôde lidar com o fato de perder nosso filho. Nós
tivemos familiares e amigos bem intencionados dizendo: vocês
são jovens, vocês podem ter mais filhos. Onde estavam
estes palhaços quando eu estava carregando e amando Robert
William? Nós estávamos prontos para amar Robert, nós
estávamos prontos para cuidar dele. Não conseguíamos
imaginar a vida sem ele. As enfermeiras decidiram nos sedar e nos
deixar dormir um pouco.
A uma da manhã,
eles avisaram que era hora de levá-lo. Ele tinha lutado muito,
mas nenhum de seus órgãos eram compatíveis com
os da lista de espera. Eles perguntaram se nós queríamos
segurá-lo. Nessa fase jovem de minha vida, eu não podia
suportar a dor de carregá-lo e então deixá-lo
ir.
Esse foi o maior
erra da minha vida! O que eu daria para voltar no tempo e fazer tudo
de novo. Dessa vez eu o abraçaria, o beijaria, e o amaria. O
faria saber que eu o amava e que eu sempre o amaria e sentiria sua
falta!
Ninguém
nos questionou, eles só seguiram em frente. Meus pais não
estavam planejando carregá-lo, até que alguém
disse para minha mãe que ela iria se arrepender. Oh, como eu
gostaria que minha mãe tivesse dito isso para mim, ou que
alguém tivesse dito isso para mim! Às vezes eu sinto
que fomos a pior mãe e o pior pai. Como poderíamos ter
carregado nosso pequeno por alguns minutos e fazer com que ele
soubesse o quanto nós o amávamos!
Então eu
estou escrevendo isso… se você acabou de descobrir que
vai ter um anjo então me ouça… SEGURE, ABRACE,
BEIJE e AME seu anjo. Aproveite cada minuto que você puder. Não
cometa o nosso erro… nós nunca poderemos voltar atrás.
Já se
passaram 17 anos e a dor ainda parece recente. Às vezes eu
imagino que se nós tivéssemos pegado ele no colo, se
teria sido mais fácil para mim, mas eu sei que eu fiz o que
parecia certo naquele momento. Eu apenas espero que meu anjo saiba o
quanto nós o amamos e sentimos sua falta!
Robert William
tem dois irmãos: Austin Shelby – 8/8/91 e Allison Renee
– 20/7/93.
Robert William, sentimos muito sua falta,
você é amado por todos que foram tocados por você
durante sua curta vida nesta terra.
Amy
Última atualização em 11.03.2019